Estudo da ecotoxicidade aguda e crônica da areia descartada de fundição

12 de setembro de 2022

A utilização da ADF – Areia Des­cartada de Fundição como agrega­do na construção civil é atraente do ponto de vista econômico e proteção ao meio ambiente, justifi­cando investimentos em alterações de processos e substituições de matérias-primas. As areias de fundição representam um dos resíduos sólidos industriais com maior volume de produção. So­mente no Brasil são gerados cerca de 3 milhões de toneladas por ano. A maior parte destes resíduos é dispos­ta em aterros industriais, com custos para os geradores e impactos para o meio ambiente (Carnin, 2008).

Nessa óptica surgem as alternativas para minimizar desde a quantidade gerada até seus possíveis efeitos decorrentes de uma disposição no ambiente. Avaliações ecotoxicológicas, que en­volvem a caracterização da toxicida­de da ADF sobre organismos vivos presentes no ambiente pode ser considerada uma ferramenta capaz de trazer informações relevantes no que diz respeito ao seu uso em so­los, como por exemplo no reforço de subleito e base de rodovias.

O objetivo desse estudo é apresen­tar os resultados das análises dos ensaios de ecotoxicidade aguda e crônica com ADF. Para isso, foram utilizados como organismos-alvo espécies de diferentes níveis trófi­cos dos ambientes aquático (micro­crustáceos, algas e peixes) e terres­tre (microorganismos e anelídeos).

Toxicidade é a propriedade ineren­te ao elemento ou substância que provoca lesão ou danos nos orga­nismos. A realização das análises ecotoxi­cológicas tem como objetivo iden­tificar qual a grandeza das subs­tâncias químicas nocivas, quando isoladas ou misturadas, para co­nhecer os condicionantes e locais de seus efeitos (Knie et al, 2004). Na Ecotoxicidade Aguda, a subs­tância causa dano ou morte em curto espaço de tempo após conta­to com os organismos acompanha­dos. O efeito agudo é um estímulo do agente tóxico, suficientemente capaz de induzir uma resposta em organismos vivos, após um curto período de exposição a esse mesmo agente. O estímulo se manifesta em um intervalo de 0 a 96 h. Normal­mente o efeito é letal, representado por uma interrupção no desenvol­vimento do organismo.

Para o estudo, foi selecionada a amostra na forma de ADF, proveniente do processo de desmoldagem de uma fundição da região de Joinville, considerada representativa para a avaliação da ecotoxicidade. Foi realizada a identificação de pe­rigos, com base nas informações e laudos de análise de classificação ABNT 10004:2004, do resíduo de ADF. Considerando-se o potencial de periculosidade do resíduo e as in­formações sobre os limites eco­toxicológicos, foram avaliados os potenciais riscos para as seguintes aplicações: Artefatos de concre­to, base, sub-base e reforço de subleito, além de assentamento e recobrimento de tubos da rede de esgoto.

De acordo com os resultados obti­dos, a amostra de ADF avaliada foi classificada como Resíduo Classe II A – Resíduo Não Inerte e Não Perigoso, com parâmetros orgâni­cos e inorgânicos abaixo dos limi­tes de concentração estabelecidos pela NBR ABNT 10004:2004. Não foram observados efeitos ad­versos nos organismos e micror­ganismos de solo do estudo na exposição à ADF, havendo ainda a provável redução da disponibilida­de química dos componentes nas condições de uso previstas. Os resultados dos ensaios ecotoxi­cológicos indicaram baixo potencial de toxicidade para espécies aquáticas expostas à fração solúvel da ADF, mesmo nas concentrações mais al­tas, as quais dificilmente ocorreriam nas condições ambientais, já que se espera a redução considerável da disponibilidade química dos ingre­dientes nos artefatos de concreto, base, sub base e reforço de subleito, bem como assentamento e recobri­mento de tubos da rede de esgoto em relação à ADF, e, portanto, que o potencial de migração dos com­ponentes seja inferior àqueles ob­servados no ensaio de lixiviação e na obtenção da fração solúvel.

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.

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